Wilma Rejane
Moro em uma das cidades mais quentes do Brasil (Teresina) e todos os anos presencio a vegetação de meu jardim, e de outras áreas, definhar com as altas temperaturas e revigorar com a chegada da chuva. As mudanças de estações revelam lições uteis a nossa vida. É possível fazer viver a consolação e os milagres, tão somente observando o curso da natureza e a forma como Deus mantem e renova o que por algum período parecia não ter vida: Árvores ressequidas e “despidas” pela queda de folhas, em apenas alguns dias de inverno ressurgem com a beleza de quem sorri pela felicidade de amar.
O amor tem esse dom de entrelaçar céu e terra em largo riso visível até a plenitude do invisível. Não se sabe onde começa, nem onde termina a alegria dos que amam. Assim é o esplendor da natureza, ou melhor: do Senhor da natureza! Parece sonho! Lá estava um “esqueleto” de Ipê. Tristonho e sem vida, mas quando chega a sua estação, quantas flores!! Quem passa ao longe, vê a graça da cor.
Ipês amarelos.
Nossa vida, obedece esse curso de rotina: “Enquanto a terra durar; sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite não cessarão” Gn 8:22. Não há tristeza que dure para sempre, nem alegrias que não se renovem. Espalhamos sementes que brotarão a seu tempo, tal qual o florir do Ipê. Esse dom que se assemelha ao movimento dos astros; influenciando noites e dias, secas e enchentes -e outras vertentes – carrega consigo a esperança: De que sempre haverá um futuro onde possamos nos resguardar das tempestades e comemorar a superação das adversidades. Misericórdia sem fim brota no universo para você e para mim! É Deus no controle dos dias, derramando Sua graça, conservando o belo, enquanto a maldade persiste no caos.
Essa força de recomeços, está em nós. A anatomia humana conspira a favor da vitória. Não há nada sob a face da terra que se iguale a coroa da criação: o homem. Não há outro ser com capacidade de compreender “os porquês” e adentrar no secreto dos céus com orações em gratidão ou mesmo rebelião. O bem e o mau ganharam forma, desde que senhor Adão corrompeu o coração sob as folhas da árvore da vida e promessas malditas. Foi em um jardim. Natureza por todos os lados: vida e morte conjugados. E ele escolheu a morte, como fruto que lhe comoveu as entranhas em agonia e perdição.
Eis o mundo: um jardim. Já não é tão belo desde que Adão e Eva se entregaram a escolhas erradas. Contudo: “sementeira e sega, e frio e calor, e verão e inverno, e dia e noite” continuam a existir anunciando novos tempos, novas estações carregadas de esperança e oportunidades de felicidade. Não desperdicemos essa rotina que se encrava em nós a cada manhã, quando no horizonte o maravilhoso espetáculo do nascimento do sol, deixa para trás a escuridão da noite. Mas a noite está lá, presente em algum outro lugar! No dia, o céu oculta a infinidade de estrelas que voltarão a brilhar obedecendo a rotina das horas.
Na estação do amor.
Tudo no universo é resultado do amor de Deus por nós. A linguagem de amor e misericórdia nos acompanha insistentemente: “ Porque as suas coisas invisíveis desde a criação do mundo, tanto o Seu eterno poder, como a Sua divindade, se entendem e claramente se veem pelas coisas que estão criadas, para que eles fiquem inescusáveis” Rm 1:20
As estações nos ensinam, porque trazem consigo a linguagem de Deus. Esse curso natural do planeta, sofre consequências da ação humana porque ao homem foi dado o domínio da terra, assim também é a nossa vida. As estações existem, fazendo parte do percurso da vida, contudo, está em nós a escolha de nos tornarmos mais fortes e belos ou mais fracos e infelizes a cada novo tempo. O profeta Habacuque viveu em cerca de 600 ª C. Seu nome significa “abraço” e pela fé em Deus ele abraçou escolhas corretas, afagou o Criador que conservou em firmeza seus passos, quando tudo ao seu redor tinha cheiro de morte. Habacuque, presenciou uma seca terrível e ao contemplar as dores do seu tempo declarou:
“Porquanto, ainda que a figueira não floresça, nem haja fruto na vide; o produto da oliveira minta, e os campos não produzam mantimento; as ovelhas da malhada sejam arrebatadas e nos currais não haja vacas. Todavia, eu me alegrarei, no Senhor, exultarei no Deus da minha salvação. Jeová, o senhor, é a minha força, e fará os meus pés como os da cervas, e me fará andar sobre as minhas alturas”. Hc 3:17,19.
A força e alegria de Habacuque em tempos de grande seca vinham de sua fé. O profeta dançou e rodopiou em meio aos campos devastados. A palavra “me alegrarei” no verso e no original hebraico é “Gil”: bailar de alegria, saltar em canto. Eis a lição de superação retirada dos piores dias, que deixam de ser piores quando há fé na justiça e direção de Deus. Habacuque, não era um super-homem (eles não existem) era um de nós.
Um outro profeta, chamado Jeremias, presenciou seu povo ser levado cativo para a Babilônia. Mortos e feridos, choro e ranger de dentes; destruição. A estação era de seca e o céu era noite. Enquanto muitos de sua nação, amargavam em lamentos e falta de perspectivas, Jeremias tinha outra visão. Ele enxergava com os olhos da fé e via restauração : Inverno e primavera:
“Ó Senhor, fortaleza minha, e força minha, refúgio meu no dia da angústia!” Jr 16:19. Força, do hebraico oz, verbo azaz : ser firme e constante. Quem vive pela fé no Deus vivo e no Cristo ressuscitado é firme e constante, mesmo que o mundo desabe ao seu redor. Jeremias, como bom observador que era da natureza, deixou registrado para a eternidade os frutos de sua fé, de seu relacionamento com Deus, ao que comparou:
“Bendito o varão que confia no Senhor, e cuja esperança é o Senhor. Porque ele será como a árvore plantada junto às águas, que estende as suas raízes para o ribeiro e não receia quando vem o calor, mas sua folha fica verde; e no ano da sequidão, não se afadiga, nem deixa de dar fruto” Jr 17:7,8.
A reação humana diante das adversidades pode ser ainda superior ao comportamento das árvores e tudo mais nas estações propriamente ditas. Qual a árvore que fica verdinha e cheia de vida em tempo de intenso inverno? Somente as que estão plantadas junto a ribeiros de água. A vegetação próxima as cataratas do Niágara são vistosas permanentemente porque suas raízes são bem alimentadas e a terra regada diariamente pela abundância de água cristalina. Assim é o homem que se refugia no Senhor: Tem vida em meio a morte.
Esse artigo nasceu da necessidade de compartilhar esses “segredos das estações” que estão reservados aos que vivem pela fé em Jesus. Acredite, busque ao Senhor com todo o coração, como as raízes das árvores plantadas junto aos ribeiros de água que se estendem a longas distâncias e não temem o intenso calor.
Fonte: Ube
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